Ora, se o Brasil proporcionasse às suas crianças um sistema educacional de qualidade, com estabelecimentos escolares que as mantivessem bem nutridas, estudando disciplinas previstas na grade curricular obrigatória, praticando esportes, tendo acesso à tecnologias modernas, desenvolvendo habilidades artísticas e culturais certamente não existiria esse tipo de questionamento.

O que robustece a criminalidade no Brasil além de outros fatores é o seguinte: milhares de crianças sobrevivem desassistidas em locais desestruturados, desprovidos de condições mínimas.

Elas não têm acesso à saúde, educação e muito menos ao lazer. Vivem em ambientes inundados de drogas, armas ilegais e escancarada devassidão. Zonas em que o Estado só se faz  presente através das suas forças de segurança, ou seja, da polícia.

Essas crianças coabitam nessas localidades com jovens infratores, zumbis em função da dependência química, deseducados, desempregados sem oportunidade de progredir e nenhuma perspectiva de futuro.

Isso tudo sem falar dos problemas relacionados aos próprios pais e demais familiares, quando os tem, que deveriam ser referência. São dramas como o alcoolismo, cumprimento de penas em presídios, prostituição e hábitos perturbadores.

Esse quadro está patente em diferentes lugares deste imenso Brasil.

Portanto, ninguém aqui nasce bandido. O nascedouro do malfeitor brasileiro é a ausência de políticas públicas adequadas, associadas a inconsciência dos governantes.

É preciso compreender que cidadania plena provém de ações capazes de promover justiça. Nunca se constatou em lugar nenhum do planeta bem-estar social dissociado de investimentos em educação e oportunidade de trabalho.

Desse modo, é imprescindível refletir bem para entender um conjunto de fenômenos que ocorrem em sucessão temporal no país provocando uma verdadeira selvageria.

É a inação do Estado que impede os indivíduos de exercerem direitos e cumprirem deveres! É essa inércia que projeta um modo de agir antissocial, doentio e criminoso por parte dos que foram esquecidos e marginalizados pelo próprio Estado! É aí que está a raiz do problema!

Operar energicamente em outra direção talvez seja uma exigência das vítimas da violência. Porém, não há porque considerar providências insuficientes como soluções definitivas. Ato de poda não extirpa o mal. É imperioso atacar a raiz  e agir na causa. Isso leva tempo, muito tempo… e o único instrumento é a educação.

Destarte, japoneses, chilenos, finlandeses, sul coreanos  e outros priorizaram a educação. Eles não são superiores nem tem índole melhor. Simplesmente acertaram nas suas escolhas. Por essa razão, não são violentos.

* Mendonça Prado é advogado, ex-vereador em Aracaju, ex-deputado estadual e federal. Atualmente está a frente da presidência do Diretório Estadual do Democratas.

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